… que falta

escolho o fácil: deixar que a vida me viva em vez de eu a ela

Queria chorar, mas já não sei
estou tão fraco, quase a implodir
Queria afagar-me no teu colo, mas sei que o faria por egoísmo,
nem sequer prefiro o teu colo, apenas o escolho por ser o mais fácil
devia acabar-nos, mas não tenho força nem tu vontade.

Estou igual aos outros, sem força para seguir o caminho que sei certo, mas difícil
por isso escolho o fácil: deixar que a vida me viva em vez de eu a ela

Os pensamentos encarquilham-se-me e parecem querer enganar-me.
A mim! Que nunca antes deixava que o Ego me levasse a melhor!
…agora deixo e nem me importo.
Vivo de cor e salteado, sou um verdadeiro sábio, adivinho tudo o que vão dizer e já tenho a resposta programada antes da pergunta ser feita!

Vou inscrever-me num clube de qualquer coisa e competir para ser melhor que os outros, não importa em quê, o que importa é que esteja ocupado e que o meu prodigioso intelecto se concentre em alguma coisa que não isto. Tenho a certeza que vou ganhar – ganho sempre! Mas depois vou concorrer rapidamente a outra coisa qualquer, para ter que me concentrar de novo..
Depois, quando finalmente tiver a paz enganadora da falta de vontade, vão todos homenagear-me, dar-me comendas e discursos bonitos, talvez até me façam um busto de bronze! Todos vão achar que fui muito importante e exemplar – até eu! …mas só até ao penúltimo momento da vida, porque aí…
Aí vou perceber o que realmente é importante, aquilo que até os parvos sabem, mas que a minha fantástica mente não terá alcançado até então.

Março 2006

hoje ainda não rebentou nada

Hoje ainda não rebentou nada,
mas não me sinto melhor
continua o pó na estrada
e no ar o mesmo fedor

ExplosionHoje ainda não rebentou nada,
mas não me sinto melhor
continua o pó na estrada
e no ar o mesmo fedor

continua a cheirar a morte
mas estou de pé e posso contar esta história
devia achar que sou bafejado pela sorte
que um dia esta guerra trará glória

mas sei que como todas,
também esta guerra serve para nada
Não vão mudar vontades, nem sequer modas
no fim vão ficar vazios e buracos na estrada

Os que tinham razão e os que não tinham,
vão viver ou morrer
Alguns vão achar que ganharam alguma coisa
terão até a arrogância de celebrar a vitória.
Dirão que ganhou a virtude, que acabou a escória
Tudo melhorará enquanto o pó poisa

Mas quando tudo assentar
não serviu para mudar nada,
descobrir-se-á que a guerra serviu para matar
não mudou a humanidade, nem o preço da empada

melhorarão as esperanças dos que ganharem
arruinar-se-ão ideias que iam mudar tudo para melhor,
e os que sobreviverem, os que ficarem
aprendem novos hinos de cor

uma vez mais vencerá alguém,
alguém perderá
Não vai ganhar o Mal, nem o Bem,
o nada vencerá

Mas não será desta que se aprende.
nem tudo se compra e vende.
Há coisas mais importantes que nós
e valerá talvez a pena morrer por elas,
mas matar não tem nada abaixo
o lodo da virtude é isso.

Uma só atitude pouco importa,
mas uma só atitude tudo infecta
se a linha em que vens foi feita torta
é tua missão fazê-la recta.

EndofWar

Não tenho esperança, nem me é possível redenção
mas para vós, os que vêm em mim bafio bolorento
há audácia, possibilidade e regeneração
haja vontade, coragem e alento!

Sigam! Fazei o que manda o coração
ignorai experiência e velhos medrosos
fazei tudo novo, cagai na oração
sede apaixonados e fervorosos

Adorem o deus verdadeiro,
que é menos que qualquer um de vós
Damascoque deixe da haver macho, fêmea, paneleiro
acabem a pontas soltas e os nós

Agarrem na virtude e no pecado
e queimem-nos como às bruxas do passado

Construam um mundo novo, porra!
baseado somente em felicidade
em que a sobrevivência morra
e se extinga a crueldade

meça-se a riqueza em riso e que errar seja treinar,
que todo o rosto seja liso e as rugas só para enfeitar

 

ou então façam a mesma merda outra vez
Pode ser que daqui a mil anos
tenhamos aprendido a degustá-la como ao vinho.
Seremos escanções de trampa
e teremos a vida que merecemos
finalmente.
Como uma praga de baratas,
depois de extinto o exterminador.

Tocs de tacão. (ou texto inútil)

Foi aquele que achou que o que foi, foi mau; como se a árvore fosse pau e as costas que açoita fossem tidas no achamento de culpa.

A noite cai lenta e pesada
mas não se aleija, fica só amassada
A mulher, que vestia amarelo vivo,
antes do Sol debandar
agora carrega um beije deslavado
que a desiluminação pública não deixa brilhar

Faltam 20 tocs de tacão da mulher para a meia-noite e em breve as suas passadas passarão a ser mais sinistras,
porque depois, alumiadas, já têm sombras e perigos possíveis.
Nunca houve um único crime em locais sem sombra. Nem um na história de toda a humanidade, até porque há uma lei natural, que muito poucos conhecem, que diz que onde não há sombra, não há crime. Aliás aqueles que temem o escuro são tolos. No escuro não há sombra e, por isso, a única coisa a temer é o próprio. Nada de mau virá de outros no escuro, já de si próprio…
O precipício não se coloca no caminho do incauto só porque está breu.
O mal não foi parido pela Maldade! Foi aquele que achou que o que foi, foi mau; como se a árvore fosse pau e as costas que açoita fossem tidas no achamento de culpa.

Enquanto pensamentos fogem do nexo, a mulher de vestido ex-amarelo-vivo agora está realmente preocupada com a sensação de estar a ser seguida. – Se calhar até está, mas tudo o que acontece, será fatalmente seguido por outra coisa. – A questão aqui será se a mulher estará ou não a ser perseguida – este prefixo muda pouco, mas a insanidade latente disfarçada de perfeccionismo deste relato, torna dificílima a descrição que se quereria lógica, tornando-a praticamente ininteligível.
pencil_sketch_15276344288111922766423.pngA mulher entretanto partiu um tacão e parece agora ter calçado uma sabrina no pé esquerdo enquanto mantém o tacão altíssimo no pé direito, reduzindo assim para metade os tocs do seu caminhar cada vez mais tenso. Poderíamos saber como se partiu o mencionado tacão, não fosse a parvoíce de quem nos não descreve a acção, simplesmente para se perder em idiossincrasias ou, melhor dizendo, ideoapatias que servem só para quebrar o ritmo e a vontade de ler o resto da estória.
Opa! E lá vai outro tacão – mais uma vez teremos que ficar sem saber como é que isso aconteceu, mas pelo menos agora podemos conjecturar que terá sido a própria mulher que decidiu sabrinar o outro sapato para efeitos de equilíbrio. Apesar disto, um narrador mais competente, certamente notaria que a mulher agarra o tacão com o seu punho fechado, como que preparando-se para o usar como arma.
Mas o que temos é uma descrição na qual não se percebe qualquer ameaça, a não ser a das sombras e a ausência de toc-tocs que os ex-sapatos-de-salto-alto agora não fazem.

A mulher está já numa passada no limiar da corrida, dando pequenas corridas intercaladas com passada menos rápida os tocs que antes se ouviam, agora recomeçam a ouvir-se, não se percebendo se são outros tacões que os fazem, ou se é o próprio coração da mulher, que cada vez se faz ouvir mais alto.
A tensão aumenta e pela cabeça da mulher passam imagens de facas ensanguentadas, pássaros perversos que debicam cabelos e zombies que arranham portas desesperados. A tensão é tanta que agora a mulher não consegue ouvir mais nada, só a ofegância das goladas de ar que lhe entram e saem pela garganta contida para não gritar.
Tudo isto caminha para um final inevitavelmente trágico, apesar das referências que ocorrem à pobre mulher não serem mais do que reminiscências daqueles filme de terror manhosos que o seu ex-marido adorava e a obrigava a assistir no “home-cinema” que instalara na cave de sua casa.
E enquanto se imagina a cave de uma personagem menos que secundária, assim se perde a protagonista, que desapareceu, talvez por ter dobrado a esquina, ou até por se ter desmaterializado, como tudo fará um dia.
Devia ser este o final da estória, porque em boa verdade nada mais há a contar, mas a contaremos ainda as palavras, que serão seiscentas e oitenta e oito, pelo último ponto final.
Fica a conclusão e até a moral final para quem as quiser fazer, quanto à pusilanimidade desta estória, fica uma espécie de ideia de coisa.

Detesto a Carolina Deslandes

…até a porra da curvas, que tem não só nas bochechas, lhe ficam a matar.

CarolinaDeslandesSe espreitarem as redes sociais e o que nelas diz Carolina Deslandes, vão conseguir facilmente arranjar pretextos para a achar a pior das pessoas.
É tão irritante que expõe a sua vida a torto e a direito nas redes sociais, sem se preocupar com “odiadores”.
Depois canta como um anjo, de propósito para aumentar a inveja dos que não cantam assim – ou seja – todos!
Dá entrevistas desempoeiradas e inteligentes e até a porra da curvas, que tem não só nas bochechas, lhe ficam a matar.

É insuportável a miúda!

Tree is the magic number!

TreeHugOne of the most stupid things one can do is to hug a tree,
but if you think that such a thing is stupid,
than you must not hug one, nor two, hug three!

You don’t need to stay long,
it doesn’t have to be tight
whatever way you do it, it’s wrong
so don’t try to do it right.

you think you’re a tree? You’re not.
At least not until you are
but how can you think you’re free
it’s such a simple thing but you don’t dare?

Do as you wish, I don’t really care
I’m not trying to be a good soul
I aim to live better, not to be fair
hug a fucking tree, whatever is your goal

Choose a comfortable one
not those with rough skin
roughness may kill the fun
and great may become mean

Enough about this business
do whatever you want with your life
not everyone can achieve greatness
you don’t need to make a tree your wife

but you can marry a bonsai
or take a plant to a dinner
at least before you die
make a rose feel like a winner

Offer her a bit of dirt,
if you can’t buy her enough land
a bit of water to increase the flirt
and why not take her by the hand

by the way, just one warning
leave the trees intact, don’t be a dick
if it’s tough love your yearning,
whip a human, they’re less thick

and don’t be to weird about this
hugging trees is misunderstood
and though it may be a bliss
you can end up lost in the wood

I’m not saying it because i’m in the loony bin
it’s a very nice place, with a very big tree
and though it’s not the best i’ve ever seen
it’s just enough for me to feel free

no words can describe the feeling,
that’s all I can truly say
in this there’s no winning,
no point doing an essay

just touch a tree and close you eyes,
i’ve long exceeded my goodbyes.

Dica #34 – Não desviar o olhar.

Da próxima vez que o seu olhar seja apanhado por outro olhar, deixe-se ficar. Aguente, deixe que aconteça alguma coisa.

Na “dica para mudar” de hoje propõe-se que deixe de desviar o olhar.

Olhos4Da próxima vez que o seu olhar seja apanhado por outro olhar, deixe-se ficar. Aguente, deixe que aconteça alguma coisa. Há-de acontecer alguma coisa e enquanto não, aguente firme! Só isso!

E já agora depois conte o que aconteceu! 😉